Pesquisas indicam a existência de significativa relação entre saúde e seus determinantes sociais, a partir do cruzamento de indicadores de saúde com características socioeconômicas. Os determinantes sociais referem-se à influência de componentes estruturais que afetam a qualidade de vida das pessoas.
Parte da construção do sujeito está relacionada ao ambiente em que está inserido, abrangendo tanto o núcleo parental primário (genitores ou figuras de cuidado) quanto o ambiente ampliado, que inclui familiares extensiva, comunidade, escola e outros ambientes sociais. O racismo, como uma ideologia que orienta e organiza modos de vida e dinâmicas sociais, tem sido uma base fundamental na construção do que hoje entendemos como país, desde a colonização. No entanto, a não superação desse problema na sociedade brasileira possibilitou mudanças em sua forma, que se atualiza e se manifesta de maneira sofisticada, como bem descreve o professor Kabengele Munanga. Essa metamorfose constante torna mais difícil a validação das experiências de quem sofre com o racismo, bem como a mensuração de suas consequências e a efetivação das leis que criminalizam a discriminação racial.
Indivíduos negros enfrentam diversas exposições ao risco, sendo o fator racial um elemento determinante. Dados do Ministério da Saúde evidenciam que a porcentagem de sofrimento psíquico, adoecimentos psiquiátricos e risco à vida é significativamente maior entre jovens negros. O racismo interfere subjetivamente, na auto imagem, nas dinamicas relacionais (relacionamentos amorosos, escolhas afetivas, relações familiares, de amizade ou solidão). Simultaneamente, impacta as oportunidades de trabalho e o acesso à educação, além de se manifestar em contextos como o racismo ambiental.
Essa breve exposição evidencia a necessidade de considerar o racismo como um elemento essencial no cuidado psicológico de pessoas negras e não brancas. A importância dos estudos de Psicologia e questões raciais em prol da qualificação e da sensibilização dos profissionais de saúde mental são fundamentais para uma escuta clínica eficaz e um direcionamento de tratamento verdadeiramente orientado.
Para mais informações, recomendo consultar o Ministério da Saúde, UNICEF, OMS e bases de pesquisa como Google Acadêmico.